Ainda sem diploma por atrasos burocráticos mas já de licenciatura concluída, é dia de vos falar das Unidades Curriculares que preencheram o meu horário no último semestre de Ciências da Comunicação. Acho que é comum o último semestre ser o último suspiro de boas notas que, aconchegadas com o speed final, são a origem do sucesso.
Foi o semestre mais trabalhoso - não tivesse todo ele sido feito em trabalhos de grupo - mas foi também o mais gratificante e deu-me a certeza que área de estudos queria prosseguir e aquilo que é o meu alimento - a criatividade. Por último, tentei estagiar em âmbito curricular mas foi um processo extremamente penoso, demorado e mal gerido pela universidade, por isso, acabou por não acontecer, com muita pena minha, estava ansiosa por pôr as mãos na massa.
Marketing | A minha cadeira preferida do semestre, numa turma em que quase ninguém era do meu curso. Trabalhámos a marca portuguesa Gallo no meu grupo e foi absolutamente incrível aprender tanto e aplicá-lo num plano de marketing real. As aulas foram conversas abertas, repletas de exemplos e casos práticos e a avaliação foi feita pela entrega de um Plano de Marketing, que foi a maior das nossas dores de cabeça, uma apresentação no início do semestre e uma frequência. Adorei, de coração, as aulas, a descontração da professora e a sua preocupação e abertura aos nossos problemas e dúvidas.
Relações Públicas | Um amor-ódio. Uma disciplina que tinha imenso potencial mas que foi desperdiçado na exaustão da teoria. Não apendi bem o que um relações-públicas faz mas sim o que são as relações públicas e os seus problemas. Achei uma UC bastante incompleta e que tinha pano para mangas para a concretização de projetos mais reais e práticos. A avaliação foi feita através de uma frequência de escolha múltipla e outra que abrangia a literatura da disciplina e ainda por uma tabela de clipping e o respetivo relatório. Foi a minha melhor nota do semestre mas foi penoso - não no sentido de ser difícil mas sim de ser aborrecida.
Mediação dos Saberes | A surpresa do meu semestre e uma paixão descoberta: a comunicação de ciência e a sua importância. Aulas dinâmicas baseadas em textos dados previamente, falámos sobre produzir conhecimento científico fidedigno, procurar as melhores fontes e a certificar-nos da sua veracidade, aprendemos sobre os erros da comunicação de ciência, a importância do humor e da acessibilidade na ciência. A segunda parte da matéria focou-se muito mais na mediação de sabres diversos em que as aulas se basearam em debates como ciência vs religião; neurociências vs direito. Falámos de negacionismo, de pseudociência e de ética.
Foi a aula dos fun facts mais incríveis, de falar do espaço, de saúde, de evidência. O meu professor era bioquímico e humorista e fez com que os nossos trabalhos tivessem piada, porque é sempre mais acessível algo explicado através do humor. Fizemos quizzes e ainda o vimos a mandar de penalti uma caixa inteira de medicamentos homeopáticos vendidos em farmácia, "é somente água e açúcar!". Fez-me matar saudades dos estímulos e da curiosidade que as ciências me traziam no ensino básico. Fomos avaliados por um trabalho individual de divulgação de ciência onde dissertei sobre o impacto dos protetores solares nos oceanos - um trabalho cujo único intuito era explicar ciência a totós - e um trabalho de grupo onde ou discutíamos um tema controverso na ciência ou falávamos sobre os desafios atuais da ciências. Decidimos escrever acerca da problemática e do impacto da ciência ser extremamente machista. Foi absolutamente incrível e vou guardar esta cadeira obrigatória no coração, foi excecional e é extremamente subvalorizada - via-se pelo número de pessoas presentes.
Análise de Campanhas Políticas | Abordámos os tipos de campanhas políticas, a sua história e a sua evolução tanto com o aparecimento da televisão como da internet, fatores que condicionam o comportamento eleitoral, marketing político. Fizemos uma frequência e ainda um trabalho a pares - que fiz sozinha - sobre uma campanha política à escolha. Adorei fazer o meu trabalho sobre duas campanhas políticas que se alicerçavam no mesmo slogan - Reagan 1980 e Trump 2016 - e quis estudar o papel impreterível que um slogan tem no seio de uma campanha política. Gostei da matéria, porém, todas as aulas havia várias apresentações de trabalhos de grupo, o que se revelou deveras aborrecido e nunca se sabia quando é que se ia dar matéria. Gostei muito da professora que, ao ter estudado e trabalhado na campanha Obama 2008, nos deu insights extraordinários através do seu testemunho. Gostava que tivesse sido uma cadeira mais prática.
Teoria da Comunicação Institucional | Saindo do seio da comunicação externa, damos um pulinho à comunicação interna. Professor novo, aulas dinâmicas e interessantes, convidados sobre temáticas várias. Falámos sobre gestão de crise, de como a comunicação é o que torna uma organização numa organização e da sua importância, estratégias, cultura, imagem, gestão de reputação. Fizemos um trabalho individual sobre o poder da comunicação no contexto da guerra da Ucrânia e um trabalho de grupo em que planeamos a gestão de crise da Universidade Nova de Lisboa no contexto de um ataque informático. Mas, no seio de tudo isto, não gostei do professor, da forma como se dirigia a nós, das piadinhas homofóbicas e xenófobas, do à vontade para nos chamar tudo e mais um par de botas e senti-me humilhada numa das suas aulas.