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LIVROS | 4 Livros Sobre Feminismo

Todos Devemos Ser Feministas | Uma capa já conhecida com um interior já amplamente divulgado pela internet, este livro da ativista nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie é um ensaio pessoal adaptado de uma conferência TED. Fala-nos do cerne do feminismo, da sua urgência no século XXI e da importância de nos educarmos e educarmos os outros para tal. É um livro com um cunho muito pessoal e que nos fala de uma realidade que não é tanto a nossa. É um livro deveras importante mas muitas vezes não me identifiquei como a audiência da mensagem. Somos ainda presenteados com o conto "Casamenteiros" da mesma autora, que reinforça toda a mensagem introduzida anteriormente.

Um Quarto Só Meu | Mais de cem anos separam o discurso feito por Virginia Woolf na Universidade de Cambridge e a hora em que este livro me veio parar às mãos. Fala-nos da condição da mulher e da condição da mulher enquanto produtora de obra literária, dos constrangimentos sexuais associados à área. Os obstáculos começam no acesso à educação, na liberdade e acesso a meios financeiros chegando até à dificuldade de ter liberdade e espaço para explorar a criatividade. Chamam a esta obra um dos momentos fundadores do feminismo moderno. Uma obra incontornável - mesmo que tenha um raciocínio deveras complicado de seguir na leitura.

Inferior | Li este livro de Angela Saini para um trabalho de Comunicação de Ciência onde a nossa tese era a forma tóxica como a machismo tem minado a ciência e evitado a progressão natural, igualitário e necessário do conhecimento. Fala-nos de como a ciência sempre desvalorizou a mulher e questiona-se sobre a parcialidade científica e os preconceitos inerentes que sempre foram dados como "normais". É um livro abre-olhos, necessário, cheio de provas e evidência que nos impele a uma só coisa: a uma ciência que seja para todos, sem isenções e preconceitos. Que estude e sirva todos, homens e mulheres. De todos os desta lista, foi o meu livro preferido.

Querida Ijeawele - Como Educar Para o Feminismo | Esta é uma carta para uma amiga que perguntou a Chimamanda Ngozi Adichie como deveria educar uma filha para o feminismo. São 15 sugestões entre as quais podemos encontrar "Ensina a tua filha a rejeitar o desejo de agradar" ou "Ensina-a a ler" que pretendem ensinar a pequena filha bebé a ser coerente na sua identidade e a ser independente. É um livro que chama ao desprendimento do outrora. É sobre o que é ser mulher nos dias de hoje e dá-me a esperança nas gerações vindouras, mais informadas, mais independentes, mais livres.

2022 | Agosto e Setembro

        Fecho um mês em que não escrevi de todo, mas que gritou uma nova vida, muitas novidades e perspetivas muito bonitas de futuro. Para que nada se perca, neste meu pedacinho, hoje falo-vos dos meses incríveis e desafiantes que foram agosto e setembro.

        Houve muito escutismo e tudo aquilo em que participei foram valentes balões de oxigénio, repletos de motivação e ânimo para este próximo ano que se está prestes a iniciar. Primeiro, o ACANAC, Acampamento Nacional, onde conhecemos Belmonte, integrámos uma família incrível com pessoas de todo o país. Enquanto nos divertíamos e fazíamos escutismo, crescemos tanto, fizemos história. Foi também altura do Tecoree, com tanto trabalho mas com um sentimento de concretização e de superação enorme. Por fim, o Dravim, o meu regresso à minha Drave, mais em paz, com mais calma. Onde os abraços foram mais apertados, os sacos de estacas traziam surpresas e onde, ao cantarmos bem alto, as luzes se apagavam e se acendiam as estrelas. Mágico do princípio ao fim.

        Agosto teve muitos mergulhos no rio e festas na aldeia. Foi palco de leituras na rede e de concertos bonitos, bailaricos e chegar a casa de madrugada. Setembro teve um recomeço na minha educação ao  começar o meu Mestrado numa universidade nova, mas houve tempo de ir dar um abraço apertado aos meus afilhados na faculdade que será sempre a minha casa, a Nova.

        Houve reunião das minhas amigas de Erasmus, despedi-me da Mariana que foi para a Bulgária e organizámos uma festa de despedida para a minha Alice, correntemente na Suíça. Foram meses de bons livros e da minha estreia na banda-desenhada. De música escutista, videochamadas para encurtar a distância e a saudade, de horas sem fim a editar vídeos, indo até às boleias repletas de confissões e desabafos. Meses em que subi e desci o país várias vezes, em que abracei as minha amizades longínquas mas mantive-me recetiva a novos (e tão bonitos) laços. Foram sleepovers, leituras académicas intermináveis, senhas para a quermesse. Foram os vestidos fluídos que transitam vagarosamente para as roupas mais aconchegantes. Foi a música deslumbrante à qual demos corpo, uma candidatura muito especial, um artigo publicado numa revista, paddle na barragem ao pôr do sol.

        Agosto e Setembro foram daquele céu estrelado repleto de alma. Foi aquele café, aquele texto do Tolentino, foram os sinais incessantes. Foram meses de viragem, e estou deveras ansiosa e expectante de tudo aquilo que está por vir.

ERASMUS | 6 Dicas para 6 Meses de Bagagem

Está quase na hora de partida da próxima geração Erasmus - e de tantos outros estudantes e trabalhadores que partem para outras bandas. Partir significa dar os últimos abraços e os últimos momentos antes de uma grande aventura mas também que há toda uma vida para colocar no interior de malas e mochilas. Há muitas situações a prever e a avaliar consoante a necessidade material que poderá existir, e é sobre isso que vos venho falar hoje. Juntei seis dicas que me foram imensamente úteis quando tive de empacotar a minha vida para partir e espero que vos sejam muito úteis.

LEVAR OU COMPRAR? | É importante delinear o que se leva e o que se pode comprar lá, para não encher as malas de artigos "supérfluos". Faz sentido levar produtos de higiene em full size que podes perfeitamente comprar lá? Talvez não. É equacionar e deliberar, por exemplo, fez me sentido comprar lá cadernos para estudar, mas levei o meu estojo e restante material escolar de cá.

ESTAR PREPARADO PARA TUDO | Quando fiz a minha checklist delineei cenários vários com os quais me ia certamente cruzar: o dia-a-dia, o conforto/descanso, a festa, as viagens. A partir destas temáticas comecei a construir uma mala que seria versátil o suficiente para todas as ocasiões: tops e uma mala mais pequenas para sair, uns bons sapatos de caminhada para as viagens ou uma mochila em específico, roupa térmica para o dia-a-dia. É importante também perceber que transições de estação vamos apanhar e perceber se vai haver muita chuva/neve/frio. Digo sempre também para levarem um fato de banho, mesmo no inverno há termas e saunas e podem fazer parte de um plano giro.

KIT SOS | Estamos por nossa conta, e para mim fez-me todo o sentido levar um kit de primeiros socorros completo para me auxiliar nas maleitas mais básicas e comuns. Levei medicamentos variados para todo o tipo de casos, pensos vários, soro, compressas e adesivo - a pensar nas minhas bolhas -, pomadas variadas para queimaduras, picadas e feridas. Safei-me de alguns acontecimentos e safei outras pessoas porque estava sempre preparada. 

€€€ | Em termos monetários, o ideal é perceberem se pagam taxas com o vosso cartão no estrangeiro. Eu decidi obter um cartão Revolut e foi a melhor escolha que podia ter feito. Para além de colocar lá a quantia que queria e desse para controlar os gastos na app, também facilitava a transação de dinheiro com colegas estrangeiros - tal como fazemos com o MBway cá. 

COMO EM CASA | Estar longe de casa custa e, a pensar nisto, algo que tive em atenção foi levar artigos que me fizessem sentir em casa, sejam as nossas pantufas, a nossa almofada ou a nossa escova de dentes elétrica. Faz toda a diferença. Sentir-nos em casa pode também ser levar artigos e fotografias para por no quarto, tornando um lugar tão estranho num sítio mais nosso.

DOCUMENTOS | Em Erasmus, pelo menos, os documentos e contratos são mais que muitos. Decidi levar tudo em papel e em formato digital gravado em vários sítios. Levei o meu Contrato Erasmus, Codice Fiscale, Learning Agreement, Contrato da Residência, Certificado de Vacinação e ainda cópias impressas do cartão de cidadão e do cartão europeu de saúde. Levei ainda fotografias tipo passe impressas, dão sempre jeito! 

LIVROS | Dentro do Segredo

Sinto uma curiosidade imensa por lugares que provavelmente nunca vou conhecer, por assuntos políticos que não estão à mão de semear e por vivências que são tão longínquas do meu quotidiano. Dentro do Segredo conta-nos de forma exímia, detalhada e sentida a viagem concretizada por José Luís Peixoto à Coreia do Norte. Decorria o ano de 2012 e as celebrações do centenário de Kim Il-Sung. Exatamente por este acontecimento, foi permitida uma viagem maior e com direito à visita a lugares inéditos para estrageiros. É um livro que nos faz viajar desde a decisão de embarcar nesta viagem até ao seu regresso.

É um relato de viagem que nos prende do início ao fim na sua fluidez escrita, faz-nos ingressar nos monumentos, museus, cidades e eventos com a imaginação de uma forma leve, mesmo que o assunto seja pesado e que me tenha levado a ter palpitações mais sentidas em alguns parágrafos. É-nos exposto muito do que acontece e daquilo que o autor vê naquele que é considerado o país mais fechado do mundo, é espelhado aquilo que o autor observa mas também aquilo que o autor sente, oscilando consoante a viagem, o tempo, o cansaço e os acontecimentos.

É um testemunho de vidas e de vivências que tão pouco têm a ver com a nossa, de um culto de personalidade transcendente, de uma exaltação exacerbada, de um respeito imenso ao regime e aos líderes, até as operações cosméticas para-turista-ver. Achei particularmente fascinante os relatos de uma celebração onde todos cantavam e dançavam, das crianças a andarem de transportes públicos sozinhas, das demonstrações públicas de afeto, do que era uma loja lá - "Aquilo que, noutro ponto do mundo, seria apenas uma loja de produtos baratos, de má qualidade, era ali uma síntese garrida de tudo aquilo que a maioria dos norte coreanos não sabe sequer que existe. As suas prateleiras eram a exposição feia do privilégio de alguns. E da mentira.". A descrição de um museu do metro que se revelara um museu das visitas dos líderes ao metro, as pessoas singelas avistadas ao longe a trabalhar nos campos agrícolas, a fronteira. 

É um livro limpo de preconceito, o que para mim é admirável, para outros pode ser simplesmente criticável. Lê-se de rajada e, apesar de ficar fascinada com relatos e testemunhos mas também com o absurdo de algumas ocorrências, deu-me a certeza que não teria coragem de fazer uma viagem destas e que sou imensamente grata por ter o privilégio de viver numa sociedade e num tempo como o nosso.

EVENTOS | Harry Styles LOVE ON TOUR

         Houve quem conseguisse bilhete há 3 anos, já eu consegui bilhete a cinco dias do concerto que mais me doía de não poder ir. Movi mundos e fundos e alterei à ultima da hora os meus planos para conseguir estar no Altice Arena a 31 de julho e agradeço com todo o meu coração à pessoa que se lembrou de mim e que me vendeu o bilhete. Mas no meio do meu eyeliner verde e de tantas plumas alheias e cor de rosa, o que dizer? O Harry já era o meu preferido quando integrava os One Direction e sempre foi quem segui mais de perto e tem sido deslumbrante vê-lo triunfar a solo no mundo da música e festejar cada uma das suas conquistas. Vê-lo em concerto ao vivo na Love On Tour foi um sonho tornado realidade e levou-me das lágrimas de emoção mais profundas até a dançar ao ponto de não sentir os pés.

        Inicialmente com a premissa de apresentar o álbum Fine Line - quando o concerto ainda estava agendado para 2020 - rapidamente se tornou uma salada entre este e álbum editado em maio, Harry's House. Pudemos ouvir os seus hits, algumas das suas músicas mais profundas e dolorosas - vão me dizer que não choraram com Matilda? - e de dar o corpo ao manifesto e dançar como se não houvesse amanhã com Treat People with Kindness. Cantar as bridges mais bonitas, apreciar o arranjo de What Makes you Beautiful e escutar a tão aguardada Fine Line no último concerto da tour europeia. Mais incrível do que a discografia exibida, para mim, foi a energia, interação e boa-disposição que o artista exibiu com a qual toda a audiência vibrou. Foi imensamente aguardado e superou as expectativas de cada ser que teve a oportunidade de viver aquela hora e meia.

        Pessoalmente, foi daqueles concertos de uma vida - que espero que se repita e que me é impossível de pôr em palavras -, um autêntico e generoso milagre lá estar e uma afirmação muito bonita o de ir sozinha. Abracei ainda a minha Inês e troquei dois dedos de conversa com a Rita da Nova. Assim num turbilhão, foi um concerto daqueles e foi brutal testemunhar a doçura o artista da cabeça aos pés que é o Harry. Um concerto completo com direito a pedido de casamento e a pastéis de nata, foi um privilégio imenso para mim que vou guardar este concerto para sempre no coração.



2022 | Julho

        Que mês leve, que mês bom. Tanto de descanso como de trabalho e horas em reuniões. O saldo é deveras positivo e sinto-me imensamente realizada e feliz com as oportunidades que Julho me proporcionou. Entre tardes de sol e discussões acesas houve tempo de combinar os padrões mais aleatórios, comer as saladas mais frescas e de apanhar a dose certa de sol.

        Subi e desci o país várias vezes - e na próxima semana farei igual. Fui ao Algarve duas vezes, uma em família, outra com amigos, e ainda fui até à zona de Arouca concretizar um sonho de miúda e um dos meus objetivos para este ano: ir a Drave. Mergulhamos nas suas profundas lagoas, descansámos debaixo das árvores e vimos as estrelas e o por-do-sol por entre os vales. A aldeia mágica revelou-se, verdadeiramente, mágica.

        Julho de mochila às costas, de mergulhos e corridas para o mar, de piqueniques na Gulbenkian e de sestas na rede. Julho de ler livros incríveis, de acampar muito e de ter a enorme sorte de ter arranjado um bilhete para o Harry à última da hora - vemo-nos lá?! Que agosto vos sorria e vos traga memórias para sempre recordar, vou fazer por isso. Sejam de luz não só para os outros mas também para vocês mesmos.





DRAVE, PORTUGAL | A Aldeia Mágica

        Não costumo partilhar os sítios onde vou acampar mas este é especial, Drave é um sonho de miúda para mim e foi deveras emocionante poder concretizá-lo. É uma aldeia de xisto desabitada desde 2009, ali entre a Serra da Arada e a Serra de São Macário, Arouca, mas que tem sido mantida pelos Escuteiros Católicos, através de uma equipa de gestão e staff que acolhem grupos, fazem visitas guiadas e proporcionam uma experiência única. É um local de passagem para os escuteiros mais velhos (dos 18 aos 22), sendo a nossa base nacional.

         Bem no fundo de um vale - tão profundo que faz doer os joelhos - encontramos a paz do silêncio e do offline, encontramos trilhos e cascatas, espigueiros e casas de pedra que mantém a sua história nas suas paredes. Ouvimos falar dos Martins, a família mais rica e numerosa da aldeia, e as marcas da sua passagem são visíveis, inclusive todos os seus descendentes reúnem-se na Drave todos os anos a 15 de agosto em honra de Nossa Senhora da Saúde. Não há eletricidade, telefone ou água canalizada, mas há espírito de fraternidade, de serviço, o céu estrelado e o pôr do sol mais bonito que este mundo já viu. É um local de conexão individual, de observação de fauna e flora e sobretudo de reflexão em pleno contacto com a natureza. É um pequeno pedacinho de história que os escuteiros têm feito para que não desapareça, mas não é um sítio só de escuteiros, todos são bem-vindos na Drave.

        Em termos mais práticos, o acesso automóvel não é facilitado, ou se vai de jipe (ou noutro carro com uma boa dose de fé e bons pneus) até ao parque de estacionamento mais próximo, se deixa o carro no cruzamento para Gourim e se desce cerca de 2km a pé ou se faz um percurso a pé de cerca de 5km desde a aldeia mais próxima, Regoufe. Levem a vossa água e a vossa comida, podem acampar, trilhar, explorar, banhar-se nas lagoas. Drave é de todos.

        Drave é feita da sua paz, dos seus trilhos e lagoas azul-esverdeadas. Dos sons, do ribeiro que corre, do xisto que aquece, do chão que nos torce os pés. É Drave de contar estrelas cadentes, de cantar alto e de acordar com a natureza, de reconstruir a aldeia e de vislumbrar a incredibilidade dos montes e vales que nos afrontam. Drave é mágico por si só e pelo desafio que acarreta mas torna-se muito mais poderoso por aqueles que caminham a nosso lado e pelas memórias que fundamos. É um abraço aconchegante que a montanha nos dá. Não sei quando vou voltar, só sei que o tenho fazer.




FACULDADE | 3º Ano, 2º Semestre

        Ainda sem diploma por atrasos burocráticos mas já de licenciatura concluída, é dia de vos falar das Unidades Curriculares que preencheram o meu horário no último semestre de Ciências da Comunicação. Acho que é comum o último semestre ser o último suspiro de boas notas que, aconchegadas com o speed final, são a origem do sucesso. 

        Foi o semestre mais trabalhoso - não tivesse todo ele sido feito em trabalhos de grupo - mas foi também o mais gratificante e deu-me a certeza que área de estudos queria prosseguir e aquilo que é o meu alimento - a criatividade. Por último, tentei estagiar em âmbito curricular mas foi um processo extremamente penoso, demorado e mal gerido pela universidade, por isso, acabou por não acontecer, com muita pena minha, estava ansiosa por pôr as mãos na massa.

Marketing | A minha cadeira preferida do semestre, numa turma em que quase ninguém era do meu curso. Trabalhámos a marca portuguesa Gallo no meu grupo e foi absolutamente incrível aprender tanto e aplicá-lo num plano de marketing real. As aulas foram conversas abertas, repletas de exemplos e casos práticos e a avaliação foi feita pela entrega de um Plano de Marketing, que foi a maior das nossas dores de cabeça, uma apresentação no início do semestre e uma frequência. Adorei, de coração, as aulas, a descontração da professora e a sua preocupação e abertura aos nossos problemas e dúvidas. 

Relações Públicas | Um amor-ódio. Uma disciplina que tinha imenso potencial mas que foi desperdiçado na exaustão da teoria. Não apendi bem o que um relações-públicas faz mas sim o que são as relações públicas e os seus problemas. Achei uma UC bastante incompleta e que tinha pano para mangas para a concretização de projetos mais reais e práticos. A avaliação foi feita através de uma frequência de escolha múltipla e outra que abrangia a literatura da disciplina e ainda por uma tabela de clipping e o respetivo relatório. Foi a minha melhor nota do semestre mas foi penoso - não no sentido de ser difícil mas sim de ser aborrecida.

Mediação dos Saberes | A surpresa do meu semestre e uma paixão descoberta: a comunicação de ciência e a sua importância. Aulas dinâmicas baseadas em textos dados previamente, falámos sobre produzir conhecimento científico fidedigno, procurar as melhores fontes e a certificar-nos da sua veracidade, aprendemos sobre os erros da comunicação de ciência, a importância do humor e da acessibilidade na ciência. A segunda parte da matéria focou-se muito mais na mediação de sabres diversos em que as aulas se basearam em debates como ciência vs religião; neurociências vs direito. Falámos de negacionismo, de pseudociência e de ética. 

Foi a aula dos fun facts mais incríveis, de falar do espaço, de saúde, de evidência. O meu professor era bioquímico e humorista e fez com que os nossos trabalhos tivessem piada, porque é sempre mais acessível algo explicado através do humor. Fizemos quizzes e ainda o vimos a mandar de penalti uma caixa inteira de medicamentos homeopáticos vendidos em farmácia, "é somente água e açúcar!". Fez-me matar saudades dos estímulos e da curiosidade que as ciências me traziam no ensino básico. Fomos avaliados por um trabalho individual de divulgação de ciência onde dissertei sobre o impacto dos protetores solares nos oceanos - um trabalho cujo único intuito era explicar ciência a totós - e um trabalho de grupo onde ou discutíamos um tema controverso na ciência ou falávamos sobre os desafios atuais da ciências. Decidimos escrever acerca da problemática e do impacto da ciência ser extremamente machista. Foi absolutamente incrível e vou guardar esta cadeira obrigatória no coração, foi excecional e é extremamente subvalorizada - via-se pelo número de pessoas presentes. 

Análise de Campanhas Políticas | Abordámos os tipos de campanhas políticas, a sua história e a sua evolução tanto com o aparecimento da televisão como da internet, fatores que condicionam o comportamento eleitoral, marketing político. Fizemos uma frequência e ainda um trabalho a pares - que fiz sozinha - sobre uma campanha política à escolha. Adorei fazer o meu trabalho sobre duas campanhas políticas que se alicerçavam no mesmo slogan - Reagan 1980 e Trump 2016 - e quis estudar o papel impreterível que um slogan tem no seio de uma campanha política. Gostei da matéria, porém, todas as aulas havia várias apresentações de trabalhos de grupo, o que se revelou deveras aborrecido e nunca se sabia quando é que se ia dar matéria. Gostei muito da professora que, ao ter estudado e trabalhado na campanha Obama 2008, nos deu insights extraordinários através do seu testemunho. Gostava que tivesse sido uma cadeira mais prática.

Teoria da Comunicação Institucional | Saindo do seio da comunicação externa, damos um pulinho à comunicação interna. Professor novo, aulas dinâmicas e interessantes, convidados sobre temáticas várias. Falámos sobre gestão de crise, de como a comunicação é o que torna uma organização numa organização e da sua importância, estratégias, cultura, imagem, gestão de reputação. Fizemos um trabalho individual sobre o poder da comunicação no contexto da guerra da Ucrânia e um trabalho de grupo em que planeamos a gestão de crise da Universidade Nova de Lisboa no contexto de um ataque informático. Mas, no seio de tudo isto, não gostei do professor, da forma como se dirigia a nós, das piadinhas homofóbicas e xenófobas, do à vontade para nos chamar tudo e mais um par de botas e senti-me humilhada numa das suas aulas.

2022 | Junho

        O melhor mês do ano não desilude. Seja por ter os dias mais longos do ano e de podermos jantar em plena luz do dia mas também porque Junho é sinónimo de festa, de fechar etapas e de celebrar a vida. O mês em que me licenciei em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa mas em que também entrei no fabuloso clube dos vinte e um. Junho foi puro amor, descanso e reconexão.

        Envergamos o traje pela última vez enquanto defendíamos o nosso curso com o coração, fomos a Évora à Feira de São João com direito a concertos, carrinhos de choque mas também a museus, monumentos, história e gelado. Junho de festejos com os aniversários cá de casa e com os santos populares - quando chegar ao céu espero que se assemelhe a um bom arraial, de verdade -, a melhor altura do ano. Junho foi de planos à última da hora, de conversas (demasiado) longas no carro, de festejar as queimas de amigas tão queridas, de sair á noite e só voltar quando o sol já dá de si. De celebrar o ingresso da Alicinha num mestrado de sonho na Suíça, de celebrar ser mordoma de santo António na minha aldeia. Junho de ler bons livros e de dar menos mergulhos do que aqueles que gostaria. Junho de covid cá em casa.

        Junho de Verão, de amor, Junho de abraços calorosos. Sejam como Junho para quem vos rodeia, repletos, transformadores, carinhosos. Que Julho seja Luz!

FACULDADE | O Fim

        Os fins são quase sempre amargos mas a conclusão da etapa que foi a minha licenciatura foi algo deveras doce e bonito. Apesar de toda a nostalgia que nos salpica, das últimas vezes que são muitas e do stress dos últimos dias, foi uma alegria abraçar as minhas pessoas preferidas da faculdade, recordar momentos bons e fechar o capítulo de um livro absolutamente caótico, mas com um final muito feliz. Os últimos tempos na Nova foram repletos de incertezas e medos acerca do futuro mas de uma coisa estávamos certos: o tempo naqueles corredores estava a escassear e, por isso mesmo, foram dias inteiros na cantina ou na AE, banhos de sol da esplanada e umas quantas idas ao pato. Ainda ontem era caloira, absolutamente chocada por ter conseguido entrar e é deveras bonito observar que somos Leonores tão diferentes. Correu tudo bem, pequena Leonor de dezoito anos.

        O meu percurso académico foi marcado pelo traje académico que envergámos, pelo Erasmus que tive a oportunidade de concretizar, pelos semestres online e por todas as coisas bonitas que fizemos acontecer. Gostaria de enumerar alguns feitos académicos bonitos que pretendo recordar, tais como o plano de marketing para a Gallo, a estratégia publicitária para a Pfizer, o artigo científico que publicámos e apresentamos na II Conferência Internacional de História do Jornalismo em Portugal, a marca que criamos para Writing for the Media, a curta-metragem "O Fado que nos Resta". Ciências da Comunicação não nos consegue não marcar, nem que seja por não haver um dia calmo e onde não reine a aleatoriedade. Num dia és raptada para  segurares um microfone numa reportagem sobre patos, noutro dia assistes a uma apresentação sobre as Just Girls e nessa mesma tarde escreves na mesma frequência sobre Foucault e Game of Thrones. Apesar de tudo, Ciências da Comunicação não foi amor à primeira vistas, mas foi um amor muito muito bonito apesar das semióticas desta vida. 

        Das perches em miradouros à fanta de uva. Dos cartões de memória que queimam na véspera de uma entrega até sermos et al. Das vidas que se cruzam às capas que se traçam e que se rasgam. Foram as cadeiras random de cinema e de história, jogos na Praxe e as máscaras peel off. Foram despiques e rallys. Foram os padrinhos que pedimos, os afilhados que acolhemos. Colheres que dobrámos, fitas que queimámos. Ciências da Comunicação mudou quem eu sou, quem nós somos. A nossa forma de pensar, de apreciar, de olhar para o mundo. Afinal de contas, deu-nos muito mundo.

        Foi uma honra partilhar auditórios com os futuros marketeers, cineastas, atores e jornalistas deste país. Foi um privilégio cruzar-me com pessoas absolutamente deslumbrantes e talentosas como as minhas amigas. À Kika, à Cat, à Lara, à Lili, à Ritinha, à Raquel à Bea. À Falcão, ao Leiria e à Lena por serem os melhores padrinhos do mundo e ao Diogo, à Martinha, à Matilde e o Vasco por fazerem de mim a madrinha mais babada. A todos os que de alguma forma fizeram parte desta jornada. Aos professores incríveis que tivemos, às vitórias, às memórias bonitas, à avenida de Berna que foi casa nos últimos três anos. CC foi mesmo amor, obrigada.

 
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