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DRAVE, PORTUGAL | A Aldeia Mágica

        Não costumo partilhar os sítios onde vou acampar mas este é especial, Drave é um sonho de miúda para mim e foi deveras emocionante poder concretizá-lo. É uma aldeia de xisto desabitada desde 2009, ali entre a Serra da Arada e a Serra de São Macário, Arouca, mas que tem sido mantida pelos Escuteiros Católicos, através de uma equipa de gestão e staff que acolhem grupos, fazem visitas guiadas e proporcionam uma experiência única. É um local de passagem para os escuteiros mais velhos (dos 18 aos 22), sendo a nossa base nacional.

         Bem no fundo de um vale - tão profundo que faz doer os joelhos - encontramos a paz do silêncio e do offline, encontramos trilhos e cascatas, espigueiros e casas de pedra que mantém a sua história nas suas paredes. Ouvimos falar dos Martins, a família mais rica e numerosa da aldeia, e as marcas da sua passagem são visíveis, inclusive todos os seus descendentes reúnem-se na Drave todos os anos a 15 de agosto em honra de Nossa Senhora da Saúde. Não há eletricidade, telefone ou água canalizada, mas há espírito de fraternidade, de serviço, o céu estrelado e o pôr do sol mais bonito que este mundo já viu. É um local de conexão individual, de observação de fauna e flora e sobretudo de reflexão em pleno contacto com a natureza. É um pequeno pedacinho de história que os escuteiros têm feito para que não desapareça, mas não é um sítio só de escuteiros, todos são bem-vindos na Drave.

        Em termos mais práticos, o acesso automóvel não é facilitado, ou se vai de jipe (ou noutro carro com uma boa dose de fé e bons pneus) até ao parque de estacionamento mais próximo, se deixa o carro no cruzamento para Gourim e se desce cerca de 2km a pé ou se faz um percurso a pé de cerca de 5km desde a aldeia mais próxima, Regoufe. Levem a vossa água e a vossa comida, podem acampar, trilhar, explorar, banhar-se nas lagoas. Drave é de todos.

        Drave é feita da sua paz, dos seus trilhos e lagoas azul-esverdeadas. Dos sons, do ribeiro que corre, do xisto que aquece, do chão que nos torce os pés. É Drave de contar estrelas cadentes, de cantar alto e de acordar com a natureza, de reconstruir a aldeia e de vislumbrar a incredibilidade dos montes e vales que nos afrontam. Drave é mágico por si só e pelo desafio que acarreta mas torna-se muito mais poderoso por aqueles que caminham a nosso lado e pelas memórias que fundamos. É um abraço aconchegante que a montanha nos dá. Não sei quando vou voltar, só sei que o tenho fazer.




1 comentário:

Obrigada por leres!

 
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