Light Menções

2020 | A Retrospectiva

         Não dá para passar por 2020 sem recordar o murro no estômago que todos levámos este ano. Por muito que queira simplesmente entrar num novo ano de cabeça erguida e com os olhos na luz que está ao fundo do túnel, é inevitável pensar na catástrofe que a pandemia nos trouxe. A morte, a doença, o burnout, a conspiração, os sonhos que ficaram por concretizar, as saudades, os abraços que ficaram por dar. 

        O meu ano começou assim: "Depois da celebração da passagem de ano, comecei com o pé direito e fui fotografar as estrelas, numa estrada escura denominada de "telescópio", como eu gosto. Senti que foi o sinal que ia ser um ano incrível, de crescimento e trabalho, pelo menos assim acredito", como escrevi na reflexão de Janeiro e 2020 foi um bocadinho diferente daquilo que projetei e idealizei, porém foi imensamente rico em ensinamentos. Há que recordar o bom com carinho, sempre.

        Vi imensos sonhos ficarem pelo caminho - fossem mobilidades Erasmus ou mochilões pela América Latina - mas mesmo assim vi muito dos meus concretizarem os seus objetivos. Vi a Joana mudar-se para Edimburgo, grandes amigos entrarem no curso dos seus sonhos e também eu consegui concretizar alguns dos meus objetivos e metas para este ano, apesar de tantos outros terem ficado por riscar. Fiz a minha promessa de caminheira em fevereiro, com direito a prova de fogo,  uma direta e muitas muitas lágrimas. Foram dias intensos mas muito recompensadores, que saudades que tenho de tudo. Além disso, foi este ano que tirei a carta de condução, passei no código e posteriormente na condução - à segunda - e, apesar de ter sido deveras sofrido, foi um peso que me saiu dos ombros. Outra grande concretização que gostava de destacar foi ter participado com alguns colegas meus na Conferência Internacional de História do Jornalismo em Portugal, é maravilhoso ter trabalho reconhecido!

        2020 foi o ano em que estive presente no Stey, no Cenáculo, no São Paulo, nos Jogos da Primavera online - que nos deram um 2º lugar muito festejado - e ainda fui convidada para o Muda o Chip e venci a Open Call Carlo Acutis, que me fez aprender imenso mas não pude concretizar a viagem de prémio, onde conheceria o Papa Francisco, por conta da evolução pandémica. Entre tantos feitos e percalços, gravámos uma curta metragem, celebrei três anos de namoro, saí de detrás da lente para ser modelo da Inês e dei os primeiros passos no italiano e na língua gestual portuguesa - e o meu gesto preferido é o do "abraço", que usei inúmeras vezes por não poder abraçar ninguém.

        Foi um ano que me colocou à prova nas mais variadas situações e que exigiu muito de mim - e de todos. Sinto que não foi fácil para ninguém mas tenho de reconhecer que tive imensa sorte. Consegui completar os semestres todos, tive apoio emocional e condições para estudar, os rendimentos cá em casa mantiveram-se e fui constantemente relembrada da bênção que é a minha família e os meus amigos. Foi um ano de introspeção, de medo mas também de esperança. Vi do pior que existe na humanidade mas também observei bonitos atos de amor, caridade e compaixão. Apesar de tudo, orgulho-me muito da forma como encarei os tempos negros que vivemos, foi uma prova brutal de resiliência e, apesar de ter tido dias muito difíceis e amargos, só me provaram que só não sou capaz daquilo que eu não quiser.

        O ano em que fiz o cadeirão do curso, em que celebrei os meus dezanove anos por zoom com o melhor red velvet deste sítio, foi em 2020 que me despedi da minha t-shirt malcheirosa de caloira, enverguei a capa negra, fui traçada por pessoas imensamente especiais e pude, então, receber os alunos de primeiro ano. Celebrei o primeiro aniversário do Light, vi o meu irmão tornar-se Mestre Engenheiro e a conseguir o seu primeiro emprego. Foi em 2020 que planeei e concretizei uma viagem do início ao fim, fui a Bruxelas e Bruges e, mesmo com a tempestade e os percalços, diverti-me e mergulhei nas profundezas da história europeia. Fui até Fátima a pé e ainda fiz serviço no 13 de agosto. Aprofundei a minha fé nas orações PartYlha, aprendi danças do tiktok e ainda fiz um bikini com a minha mãe.

        Fotografei aqui e ali, dei um pulinho a Troia, Setúbal e Comporta, Belmonte e Covilhã, passando pelas terras da família, pelos mergulhos, as cascatas, os raios de sol, as bebidas frescas, mas também pela lareira acesa e os quentinhos passeios. Tolerei saudades, vivi intensamente cada pedaço de vida normal que voltou para mim, aprendi imenso sobre mim, os meus e o mundo que nos rodeia. Treinei afincadamente e sonhei com dias melhores, fui a concertos e a museus, testei receitas novas e ofereci presentes especiais.

        Foi um ano de aprender sobre uma enorme diversidade de temas, deste a política à sociologia, da economia a temáticas como o racismo e as desigualdades sociais. Aprendi, ainda mais, a colocar-me no lugar do outro, a ter um olhar mais crítico sobre as abordagens mediáticas e sobre aquilo que ocorre na internet. Foi um ano de aprender a ser mais tolerante e paciente e de abraçar à distância. Apreciámos as coisas simples do dia-a-dia e demos mais valor que nunca aos gestos de afetos, às pessoas e a todos os simples hábitos que dávamos por garantido - não vos  passa a minha felicidade de voltar a andar de transportes públicos, que era algo que detestava! Este ano vivemos História, daquelas que dentro de uns tempos veremos nos livros escolares.

        Que no próximo ano, mesmo carregando a cruz de 2020 e tendo noção que de um dia para o outro com a mudança de um dígito de uma unidade temporal não volta tudo a ficar bem, sejamos amor mas sobretudo que que sejamos agentes e luz de esperança, para nós e para os que nos rodeiam. A maior lição de 2020 foi mesmo para aproveitar a vida ao máximo, como nos for possível, da forma mais intensa que der, não sabemos o dia de amanhã. Todos os dias, todas as pessoas e todos os momentos são importantes, este último parágrafo em especial é em homenagem ao Rafa - um colega meu que sofria de leucemia e que veio a falecer de covid no inicio do mês. Não eramos muito próximos mas recordo com carinho um jantar onde me fez rir até chorar. here's to him.

2 comentários:

  1. Um ano em grande, com os seus altos e baixos, que acredito que vamos levar no coração, não só pelas aprendizagens como pelas marcas que deixou. Que ano este não é verdade? <3

    Blog:https://blogandorinhaazul.blogspot.com/

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  2. Mesmo tendo sido um ano tão atípico e cheio de percalços um pouco amargos, conseguiste ter um ano em cheio e rico em aprendizagens e momentos bonitos. Foi um ano em que, mais uma vez, te superaste e mostraste a todos de que fibra é feita esta Leonor que tanto admiramos :)

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Obrigada por leres!

 
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