Um semestre atípico e imprevisível, porém concluído com sucesso. Ninguém nos fez prever que pouca semanas após o início do segundo semestre estaríamos trancados em casa em estado de emergência com uma pandemia a acampar lá fora. Os métodos de trabalho disciplinares foram alterados assim como as avaliações. Felizmente, tenho um bom ambiente em casa para estudar, tenho computador pessoal e internet, um verdadeiro privilégio nos dias que correm. No entanto, acredito que estes métodos de ensino não chegaram a todos, deixando alguns para trás. As faculdades vangloriam-se deste método ter sido um sucesso, não foi, e reflecte-se nas notas, nas opiniões e na saúde mental, mas deu para desenrascar devido à necessidade instantânea.
Honestamente, não detestei o ensino remoto. Não gastei tempo de deslocação nem tinha de acordar tão cedo, tinha muitos materiais disponíveis e professores prontos a ajudar. Como não houve mil e um afazeres paralelos, houve tempo para tudo. No entanto, faz falta a vida académica, o pessoal, a esplanada. Foi o que mais me custou, não estar fisicamente com os meus. No início custou imenso a habituar e passei dias infindáveis de manhã à noite à secretária - a carga de trabalho ao início foi incomensurável - porém, alguns professores souberam reestruturar e orientar as coisas. Uma das partes do trabalho remoto que adorei foram os testes com consulta, não ter de decorar dez textos mais matéria para um frequência mas sim tê-los à mão para os aplicar na prática do teste foi incrível, treinou muito melhor a minha capacidade de interpretação do que de memorização, o que é estupendo Foram dois meses muito longos mas felizmente correu bem, concluí o segundo semestre e consequentemente o primeiro ano da licenciatura em Ciências da Comunicação na NOVA-FCSH e estas foram as cinco unidades curriculares que tive:
Comunicação e Ciências Sociais | Esta foi daquelas cadeiras que me surpreendeu. Estava a detestar as aulas presenciais mas no online adorei cada aula e rapidamente se tornou a minha UC preferida do 1º ano da licenciatura. CCS abre-nos os olhos à sociologia das redes comunicacionais e pessoais, interacções sociais, a forma como representamos um papel diferente em diferentes "palcos" da nossa vida, a globalização, o risco, os rótulos sociais, entre tantas outras vertentes. A matéria foi sempre articulada com temas reais e actuais, por exemplo realizei um trabalho sobre a Uber e outro sobre o Tinder, tive de analisar um vídeo da Porta dos Fundos na frequência, analisei Stranger Things numa aula, falámos também da página Humans of New York, por exemplo! Foi daquelas UC que deram imenso trabalho mas também imenso gosto e satisfação em aprender. Adorei e faria de novo.
Semiótica | Não adorei esta cadeira e acho que é bastante desactualizada para o curso. A semiótica enquadra-se no ramo da linguística e é a ciência social que estuda os signos, calma, não são signos astrológicos, ok?! Signos são índices, ícones ou símbolos que detém uma dada narrativa. Um semáforo vermelho é um signo de que nos é obrigatório parar. Deste género. Esta cadeira aborda a história da semiótica e discute-se vários autores e perspectivas. Não achei muito entusiasmante e no online foi tudo bastante desorganizado, mas está feito!
História dos Media | Outra cadeira de ouro, fomos a primeira turma a que a minha professora deu aulas e eu adorei a energia dela e o seu método de ensino. Aprendi imenso sobre a história da imprensa, da televisão e da rádio até à digitalização de todas estas vertentes. Tivemos um trabalho semanal para entregar acerca da aula, o que se revelou bastante duro e tivemos também um trabalho de grupo de pesquisa - que adorei! O nosso foi uma comparação da postura mediática de Marcello Caetano e de Salazar na televisão, a professora gostou tanto que nos incentivou a enviá-lo a uma entidade superior e fomos seleccionados para o apresentar numa Conferência Internacional de História do Jornalismo, quão incrível?! Tivemos ainda um teste escrito que envolvia dez textos obrigatórios, que substituiu a prova oral presencial com esses mesmos. Overall, foi uma cadeira muito muito interessante e enriquicedora, e a professora ajudou-nos, sendo especialmente atenciosa, recordo-me que alterou os horários das aulas dado que, à hora normal, havia alunos que vivem noutro continente que tinham de acordar de madrugada para estar presentes, por exemplo. São pequenos gestos mas muito bonitos.
Teoria da Imagem e da Representação | Bem.. o que dizer? Todos os mais velhos nos disseram "pela vossa saúde, não vão", até a aluna mais dedicada do curso me disse isto. No entanto, quis experimentar, não posso dizer que não gosto se não experimentar, afinal de contas com a vista de olhos que dei nos resumos de anos anteriores até se assemelhava a história da arte, que adoro! Fui, ouvi, li e não consegui ir mais, detestei tudo o que envolvia aquela UC. É algo como filosofia da imagem misturado com semiótica visual.. não sei, é estranho, é desenquadrado e não faz sentido, já. Os meus pais não se andam a esfolar para me pagar os estudos e eu não ir mas há unidades curriculares que simplesmente não dão. Penso que foi a única cadeira do ano com a qual ficava contente com um 9,5.
Métodos Quantitativos | Talvez uma cadeira que devia ser transversal a todos os cursos de ciências sociais e humanas! Esta UC ensinou-nos a realizar um trabalho cientifico sem, de facto, o concretizar-mos. Escolhemos o tema e pergunta de partida e cada semana executámos mais uma etapa, seja a ficha de leitura, o esboço da problemática, do modelo de análise ou a construção do questionário. O trabalho nunca se conclui, o questionário não é aplicado e não se podem tirar conclusões e, deste modo, ensina-nos a realizar um trabalho cientificamente correto. Todas as semanas tínhamos de enviar a etapa dessa semana concluída. Depois desta primeira parte vem a estatística. Foram quatro semanas de conteúdo estatístico aplicável às ciências sociais. Focámos medidas centrais e de dispersão, tabelas de contingência, análise de dados, entre outros assuntos. Revelou-se acessível para mim, que tive matemática até ao 11º ano, no entanto tive imensos colegas a passar mal dado que não mexiam numa calculadora deste o ensino básico. Gostei da UC, fora do comum, trabalhosa e interessante e acredito que nos deu valentes bases para futuros estudos e trabalhos!
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