FACULDADE | Maio Vazio

    Desde a minha entrada na faculdade que ansiava pelo mês mais académico do ano e não o tivemos devido a condições que não prevíamos. Faz falta o rebuliço dos corredores, as escadas infindáveis, a pilha de trabalhos que acalma com um croissant do bar, mas as últimas semanas têm se revelado mais complicadas  suportar as saudades, a ânsia de estar presente, de celebrar, de viver o espírito académico, principalmente neste fim de ciclo. Vi a minha sede de escuteiros fechar, os meus treinos a decorrerem através de um ecrã, os métodos de avaliação adaptaram-se mas nada me parte tanto o coração como ver os meus finalistas preferidos a terminar a licenciatura em casa, neste mês que tende a ser de celebração e de vivência académica.

   Não escrevi fitas, não houve bênção, não fui enterrada nem se concretizaram sucessivas tradições académicas ao lado de  pessoas que têm sido imprescindíveis no meu percurso. Não houve jantares de curso nem rallys, não houve Semana Académica nem lágrimas e abraços apertados e sentidos de despedida, de fim de um ciclo e de um percurso. Não houve serenatas, embora a de Coimbra me tenha feito lacrimejar. Dói não ter o ano de caloiros que merecíamos mas dói ainda mais ver as nossas pessoas a terminar a licenciatura em casa, longe dos seus, sem direito a celebrações. Há problemas maiores no mundo e no nosso país? Sem dúvida, mas de tudo o que tive de cancelar, adiar e riscar do meu calendário, esta altura do ano foi a que doeu mais. Porém, acredito que ainda teremos as nossas celebrações a seu tempo, acredito que os abraços retornarão à esplanada da faculdade. Não tivemos o Maio que merecíamos, revelou-se um Maio vazio, sufocante, e dói vivê-lo longe daqueles que mais queríamos abraçar. 

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