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FILMES | The Two Popes

   A longa-metragem original da Netflix desenrola-se desde a morte do Papa João Paulo II até ao primeiro aceno da tão famosa janela com Francisco como líder da Igreja Católica. The Two Popes mostra duas faces desta, uma mais reformista, com ambição de mudança e de justiça, e outra que pelo seu lado revela conservadorismo, tradicionalismo e, na minha óptica, um quê de retrógrado.

   Ratzinger e Bergoglio - Bento XVI e Francisco, respectivamente - são quem protagoniza esta obra cinematográfica e esta, por sua vez, desenrola-se através dos diálogos entre ambos. Com respostas certeiras e na ponta da língua e  discussão constante sobre os mais variados temas religiosos, sobre dogmas inquestionáveis, escândalos ou até sobre histórias de vida pessoais, segredos e desabafos. Com as suas divergências mas também com pontos convergentes, criam deste modo uma bonita amizade. Na minha opinião, muito interessante de analisar e compreender. O argentino pede para se reformar perante desacordos que tem com a Igreja e o alemão revela-lhe o seu desejo de deixar o papel de Papa, assim observamos uma discussão entre o presente e o futuro líder da Igreja Católica. 

   Gosto, de facto, do Papa Francisco e sinto que captaram a sua essência na perfeição. É, afinal de contas, uma pessoa de pessoas, uma pessoa de paz. Não dá para não gostar da personagem no filme, a sua conexão com os outros, a sua peculiaridade ao adorar dançar o tango e visionar futebol, como bom argentino que é. É uma personagem também muito engraçada, incomum e que veio mudar o paradigma. Bento XVI é diferente e sinto que de certa maneira foi retratado como o "papa mau" quando o identifico mais como reservado e tímido, apesar de extremamente culto - mesmo não me identificando com as suas convicções.

   Esta viagem histórica faz-nos entrar pelas portas do Vaticano e pelas profundezas bélicas Argentinas, leva-nos ao passado, ao presente e àquele que será o futuro. Este filme contém várias críticas que têm que estar atentos para saber interpretar e simultaneamente somos convidados a vislumbrar de perto a escolha do novo papa, toda a dinâmica do fumo negro e do fumo branco, os jogos políticos, a riqueza e opulência de Ratzinger que contrastam com a simplicidade e consciência de Bergoglio. É muito interessante observar os contrastes e este é um filme muito rico em pormenores, como eu gosto.

   A forma como se desenrola é brilhante e nunca pensei que quase duas horas a ver dois senhores de cabelos brancos a conversar sobre religião me absorvessem como absorveu, é um filme muito bem construído, com uma premissa simples mas que impacta e nos faz pensar e admirar ainda mais o sucessor de São Pedro, quer sejamos crentes ou não. É um filme bem conseguido e, apesar de nenhuma das conversas ser verídica, é muito rico, bem humorado e extremamente estético. É leve mas cativante. Revela imenso sobre estas duas pessoas e a sua sucessão. The Two Popes foi o primeiro filme que vi este ano e não poderia ter começado de maneira mais bonita.




2 comentários:

  1. Estou curiosa para ver este filme, especialmente pelos actores.

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  2. Assim que tiver uma folga com pouco que fazer esse vai ser o próximo filme que vou ver. Estou mesmo muito curiosa em relação a este filme!

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Obrigada por leres!

 
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