2019 | A Retrospectiva

   Não tenho palavras para o ano que passou, fui abençoada com uma imensidão de coisas boas, com mudanças significativas que casaram na perfeição com os sonhos que tive a oportunidade de concretizar e as pessoas que tiver chance de me cruzar. Depois de um 2018 no fundo do poço e sem esperança de subir, em 2019 ascendi ao topo do telhado, vislumbrei as minhas constelações e agradeci as lições. 2019 foi o ano do crescimento, das novas etapas e devo admitir, foi o ano mais genuinamente feliz que tive até então, e sou uma sortuda por o poder dizer. No final do ano anterior estava de rastos e só ambicionava que tudo melhorasse, que tudo deixasse de cair em cima de mim. 2019 revelou-se uma aragem fresca, tudo o que eu precisava.

   Os últimos 365 dias que passaram foram pautados pelos dias sem descanso, pelas poucas horas de sono, pelas semanas sem fim-de-semana e pela agenda a abarrotar, mas também pelo cansaço que vale a pena, pelo orgulho no concretizado e pelo reconhecimento. Isto é impagável. Foi um ano riquíssimo em tantas vertentes da minha vida, desde as viagens às aprendizagens, das despedidas às boas vindas, da musica à cultura, do desporto à arte. Cresci tanto, aprendi tanto.

    Fortaleci laços com os meus amigos de sempre e, mesmo que de momento esteja cada um na sua vertente, continuamos a ver-nos aqui e ali e a energia permanece a mesma. Para além do mais, foi um orgulho vê-los a ingressar nos cursos com que tanto sonharam! Namorei muito e o crescimento simultâneo é deslumbrante. Não há nada - repito, nada - como companheirismo mútuo e reciprocidade. Tenho imensa sorte em poder vivenciar e partilhar com ele momentos importantes da vida de ambos e também começar e terminar este ano abraçada ao meu rapaz.Visitei muito a minha família mais longínqua e isso encheu-me o coração, quem me dera tê-los mais perto de mim. Apesar disso é duro vê-los envelhecer. 

   Este ano conclui o ensino secundário com uma média muito alta e com bom aproveitamento nos exames, fruto de muito trabalho e de muita gestão de tempo e não podia estar mais radiante. Conclui esta etapa com sensação de dever cumprido, com professores que vou guardar no coração, com imensas recordações. Foi uma etapa muito bonita e na qual me senti muito concretizada. Adoro aprender e gostei muito de aprender sobre  a grande maioria dos assuntos que escolhi. Assim, com o fim do secundário tive a oportunidade de participar no meu baile de finalistas, vestida a rigor com um penteado feito por mim - que foi praticado bastantes vezes, benditos sejam os tutoriais da Alice Trewinnard! - e fui muito muito acarinhada com elogios. Rumei também até Andorra por ocasião da minha viagem de finalistas, para fugir às habituais viagens de praia na costa espanhola. Esquiei pela primeira vez, apaixonei-me pelo desporto, pelas montanhas, pela neve e por tudo aquilo que me transmitiu. Jogámos mil e um jogos, queimámos esparguete assim que chegámos e dançamos até mais não. A minha Joana veio de Inglaterra de propósito para vir connosco e foi incrível partilhar tudo isto com ela. Juntas do início ao fim.

   Com a conclusão do ensino secundário e a certeza de que o ensino superior fazia sentido na minha vida decidi tentar a minha sorte. Sinto que sou muito multifacetada, gosto de demasiadas áreas e escolher só uma foi muito muito complicado, para terem noção cada uma das seis opções de candidatura era diferente. Antes de começar a pensar seriamente no assunto, visitei várias faculdades, esclareci duvidas e fui a palestras até de cursos que não fazem o meu género para perceber mesmo aquilo que queria. Acabei por ficar colocada na minha primeira opção, no curso de Comunicação com a média mais alta do pais, na Universidade Nova de Lisboa. Foi a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas que me acolheu, num ambiente calmo em que cada um é diferente e especial por isso. Estou numa faculdade muito política e por essa razão aprendi imenso sobre essa vertente. Integrei e vou continuar a fazer parte da minha praxe, fui apadrinhada por pessoas verdadeiramente inspiradoras e aprendi imenso sobre mim, sobre a minha área de estudo, sobre a vida em geral, até sobre croquetes. Sinto que não poderia ter feito melhor escolha e só quero que a minhas notas saiam para ter o meu janeiro de férias, isso sim é privilégio.

   Este foi um ano repleto de espectáculos, treinos e ensaios. Após quase dois anos de preparação, voámos até Dornbirn, na Áustria, com Portugal estampado nas costas para o maior evento desportivo não competitivo do mundo. Como "mais velha" foi uma semana pesada em responsabilidades e preocupações mas foi repleta de memórias bonitas, de passeios pela cidade e de muita ginástica, como eu gosto. Foi um verdadeiro sonho tornado realidade, actuámos e provocámos emoção perante diversas nacionalidades, aprendemos palavras novas, trocámos itens do nosso equipamento e vivemos uma verdadeira aventura por terras austríacas. Conheci Dornbirn, Bregenz e também a capital do Liechtenstein, Vaduz. Foi neste evento tão desejado que me despedi da minha personagem, a "rainha má" que encarnei durante quase dois anos e que foi um verdadeiro desafio e uma prova de fogo na minha "carreira". Em Dornbirn concretizamos também a Gala de Portugal sob o tema "Odus", um espectáculo que envolveu mais de mil atletas portugueses para uma produção enorme e deslumbrante. Deu imenso trabalho e dores de cabeça mas foi tão bom fazer parte disto! Este espetáculo foi refeito em Lisboa no mês que passou e foi inacreditável vivenciar tudo novamente.

   Também no verão tive direito a ir acampar, como sempre, e ainda participei no portugalgym em Portimão. Estive de férias na minha praia do Algarve e tivemos a oportunidade de dar um pulinho à espanhola Ayamonte. Rumei igualmente até à aldeia da minha avó e daí partimos numa mini roadtrip familiar: Seia, Régua, São Pedro do Sul e Chaves foram as principais paragens. Visitei também Tomar e Monsanto e cada vez mais me apaixono pelo nosso pequenino Portugal. Experimentei iguarias que fizeram o estômago bater palminhas, visitei museus e recantos escondidos na nossa bela Lisboa assim como descobri jóias preciosas de Portugal como o Poço Azul ou a Capela de São Pedro das Águias.

   Este foi o ano em que fiz as pazes e pedi desculpa, foi o ano em que redescobri a minha fé. Fotografei muitas vezes as estrelas, integrei o núcleo do meu curso, fui ao festival de tunas Tágides, assisti a um concerto do Salvador Sobral, duas vezes, e ao António Zambujo, três. Fui ao concerto d'Os Quatro e Meia - a minha banda predilecta - e não há palavras para descrever este momento. Desfrutei também de um espectáculo do Carlos Coutinho Vilhena. Vi séries geniais como Chernobyl, Sex Education, Frágil e Sherlock. Desenhei uma insígnia e escrevi parte de um hino, participei nos Jogos da Primavera e nos 96 anos do CNE, estive presente em duas greves climáticas estudantis e reduzi o consumo de carne. Por último mas não menos importante, retornei à blogosfera, criei o meu "Light"  e estive novamente com a genuína Inês.

   Em 2019 atingi a maioridade e festejei-a ao lado das pessoas que mais amo neste mundo, com um bolo feito por mim e a lasanha da minha mãe distribuída pelos pratos de todos, como manda a tradição. Fotografei o meu aniversário em analógico e apesar de ter sido um pequeno flop, adorei a experiência. Assim sendo, comecei a tirar a carta e espero - mesmoooo - conseguir concluir no ano que se aproxima. Ao atingir os dezoito, votei conscientemente em outubro, e foi um privilégio e algo que me deixo mesmo feliz. Este ano celebrei também os 23 do meu irmão, os 27 de casados dos meus pais, os 19 dele e os nossos 2 anos de namoro. Adoro, de coração, celebrar datas especiais. No ano que passou vi as minhas pessoas prometer assim como vi a Bibi e o Daniel a fazê-lo, e chorei, obviamente.

   Em agosto tive a oportunidade de embarcar rumo à ilha da Madeira com os escuteiros. Vivemos dias de verdadeira adrenalina e sentimos as verdadeiras dores nas pernas. Mergulhamos nas águas mais cristalinas e azuis desta vida, ascendemos ao Pico do Areeiro e ao Pico Ruivo, visitámos os pontos mais importantes e belos da ilha e comemos que nem uns lordes. Assim, fiz o meu último acampamento como pioneira. Em setembro cantei o meu último "Pioneiro Ser" e abracei a IVª secção, onde tenho vivido e aprendido tanto!

   Foi um ano cheio e em cheio, não sei o que o futuro me reserva mas se 2020 for metade do que 2019 foi, eu fico radiante. Fui extremamente feliz este ano, cumpri os meus objectivos todos. Fui mais grata, mais presente, mais Leonor. E não há nada melhor do que isso, sermos cada vez mais nós mesmos e cada vez mais cumulativamente nossos. Sinto que este ano encontrei algumas pistas do meu propósito e aprendi o que é ser, viver e estar para os outros. Aprendi mesmo mesmo muito, fiz o impossível em termos de gestão de tempo e de prioridades e sinto que fiz o que podia com amor e com dedicação. Peço - já numa linha de introspecção - que 2020 seja repleto de viagens, de conquistas, de lágrimas de felicidade, de amor, de arte e de cadeiras feitas à primeira, com os meus de boa saúde perto de mim. Peço que seja memorável pelos melhores motivos. Obrigada por fazerem parte disto!

   Guardo este último parágrafo para deixar uma mensagem de esperança aos que acabam 2019 de rastos e prestes a deitar a toalha ao chão. Posso ser uma miúda mas sei que a vida não estagna, esta nunca fica quieta, e que muitas vezes as mudanças mais bruscas e dolorosas são as melhores bênçãos que nos acontecem, no momento não percebemos mas com o amadurecimento fazem sentido. São os obstáculos que temperam o caminho. Sintam-se gratos por aquilo que são e por aquilo que têm. Amem quem vos rodeia e a vocês mesmos. Não há fins do mundo, tudo dará certo. Confiem. Que 2020 seja tudo aquilo que precisam mas lembrem-se, a felicidade não se encontra esperando que nos caia redonda nos pés, é preciso procurar alcançá-la todos os dias. Sejam felizes, sejam gratos, sejam amor, sejam luz, são estes os meus desejos para todos vós.